Eu enterrarei seu corpo na areia dourada da praia, naquela ilha onde todos os barcos sempre rumam, acredita no que digo? Eu enterrarei e depois serei enterrado, juro que farei isso meu camarada, sem falta. É a palavra de honra que me rege. Lhe imploro que não se jogue! O próximo que vier também fará … Continue lendo Não pulemos deste barco!
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Culto da praça
Tenho medo da noite... Medo do que não é noite... Franz Kafka Heloísa e sua filha faziam um pequeno culto numa manhã nublada de sexta, na praça dos eucaliptos. A praça em frente ao banco do Brasil, fila enorme do lado de fora. Na rua que dividia o banco da praça, carros e rostos estranhos … Continue lendo Culto da praça
Erma pinha
Uma pinha marrom e pequena de um pinheiro. Habitando solitariamente a ponta de um galho pendente, um pinheiro erguido e sozinho, afastado do mundo inteiro. Pinha esta que caiu, caiu, rolou e subiu, para descer com mais força em forma de grande bola de neve e adentrar uma gélida e erma caverna. Pequena e frágil … Continue lendo Erma pinha
Fúnebre passagem
Não sofro pelas coisas palpáveis e tocáveis... São as do plano imaterial, aquelas que não se podem ver nem tocar que mais me causam dor... Lourenço Mutarelli Uma deserta rua de ladeira por alguma noite da semana. Jhon descia essa mesma rua sem saber bem o porquê de estar fazendo tal ação. Mas vai descendo … Continue lendo Fúnebre passagem
Suspenso
Dentro do ônibus em que eu viajava de volta de algum lugar, lugar qualquer que um dia já foi muito bom... Insatisfeito com algo que por si só não era lá grande coisa, mas ainda assim me era muito... Pois é o significado inerente em cada coisa que marca, em cada toque que recebe, em … Continue lendo Suspenso
Capítulos inteiros
Ainda choro capítulos inteiros de um mesmo livro que sempre deixei por inacabado... Terminar? Embora relutasse... Tentei tentei, mas todavia me era inalcançável e assim ficou... Era como um atolamento sem fim! Pensamentos perplexos que nunca desejaram deixar-me. "Porquê afoguei-me, por quê afogar-me se a suavidade da superfície é tão branda e macia?" Fazia-se noite … Continue lendo Capítulos inteiros
Multiplicidade
Na constância da multiplicidade do real, diferente deles, corro em busca da captura da realidade em sua mudança, em seu devir. O rio que adentrei para chegar em outra margem era calmo e sussurrante, mas não mais o mesmo de ontem, nem eu, o de ainda há pouco... Oh tempo, como tua ingratidão é penetrante! … Continue lendo Multiplicidade
Charutos in Bournemouth
Bournemouth, Inglaterra. Fim de julho de 1926. Uma noite fria pela terra inglesa, um trabalhador do meio político está em um quarto de hotel. Ernesto estava sentado na cama macia em seu quarto escuro de hotel e cheirava um Regius Double Corona, charuto dos raros a qual seu amigo Arturo havia lhe dado como comemoração … Continue lendo Charutos in Bournemouth
Agulhas pelo chão
As palavras são manchas desnecessárias sob o silêncio e o nada... Samuel Beckett O homem magro e meio pálido possuía os ossos do rosto bem destacados e salientes. Todos os dias ao varrer a casa apressadamente, tinha, dentre várias outras, uma intensa fixação recorrente que lhe invadia até que fosse terminada toda aquela atividade diária: … Continue lendo Agulhas pelo chão
Lonxeloy no mar Báltico, passei por Munique.
Munique, 4 de agosto de 1960. Pelo quarto dia aqui em Munique, me sinto bem. O velho Lonxeloy está ancorado no litoral báltico a quase mil e trezentos quilômetros daqui, juntamente com o comandante que ficou hospedado por lá mesmo, e mais quatro de nossos companheiros. Somos treze no total, sendo três mulheres. Imagino que … Continue lendo Lonxeloy no mar Báltico, passei por Munique.